07.07.1970 - 13.01.2015 |
Estou na regra três toques desde o final de 1979. Quis o destino que a primeira
vez que eu encontrasse com Miguel Ângelo Coutinho de Lemos no futebol de mesa somente
acontecesse em 19 de abril de 1987, durante um campeonato brasileiro de clubes
realizado no CEFAN, no Rio de Janeiro.
Deste dia em diante, nos encontramos várias vezes, algumas delas numa mesa de botão, outras numa mesa de bar, sempre impressionado com o bom coração que já demonstrava teria para o resto de sua vida. Nos primeiros contatos, fiquei impressionado com a dedicação daquele jovem (ia completar 17 anos) ao nosso futebol de mesa.
Deste dia em diante, nos encontramos várias vezes, algumas delas numa mesa de botão, outras numa mesa de bar, sempre impressionado com o bom coração que já demonstrava teria para o resto de sua vida. Nos primeiros contatos, fiquei impressionado com a dedicação daquele jovem (ia completar 17 anos) ao nosso futebol de mesa.
Ao convidá-lo para vir participar do torneio de 15 anos do Estrela Solitária
(meu time), nos dias 5 e 6 de novembro de 1994, aqui compareceu juntamente com
outro grande amigo de Juiz de Fora, Márcio Henrique Lopes. Brindou a todos os outros
17 participantes (mais um tanto de Brasília, outros de Belo Horizonte e do Rio
de Janeiro) com grandes atuações, que culminaram na conquista do título, me
vencendo na final por 3 x 2. O recebi em minha casa e uma passagem define bem a
dedicação do Miguel ao futebol de mesa. Minha filha Carolina (hoje mãe do meu
primeiro neto, Marcelo), então com nove anos, estava na sala, ao nosso lado
enquanto o Miguel conversava sem parar! Na primeira oportunidade que ela teve,
perguntou: “Papai, ele só fala de jogo de botão?”. Respondi: “Não, filha, é que
ele é muito empolgado com o jogo!”.
Também quis o destino que ele estivesse afastado das mesas de três toques por
um bom tempo, assim como eu também fiquei. Só passei a ter notícias do Miguel disputando
competições de 12 toques.
Tivemos a alegria de nos encontrar pela última vez em Teresópolis, quando da
disputa do campeonato brasileiro individual, em agosto do ano passado. Com a
mesma alegria de sempre, veio me dar os parabéns por estar voltando a disputar
competições fora de Brasília, que estava muito feliz com meu retorno e dizendo
para quem podia que aprendeu muito comigo (exagero!).
No dia 29 de outubro de 2014 nasceu meu segundo neto, com o nome escolhido por
milha filha Melissa e meu genro Cléver de MIGUEL! O destino mais uma vez
conspirou a nosso favor poucos dias depois, no dia 4 de novembro, numa visita
que o Washington, do Clube dos 500 (clube onde o Miguel jogava), fez à Brasília.
Ao atender o celular, disse em voz alta: “Estou aqui em Brasília, batendo uma
bolinha com o pessoal da AABB” e foi dizendo os nomes de quem estava no local.
Ao dizer meu nome, ele passou o celular para mim e disse: o Miguel quer falar
com você! Poucos minutos com ele no celular, entre outras coisas brinquei que
estava todo bobo por ter nascido meu segundo neto poucos dias atrás, de nome
Miguel, que estava estreando naquele dia um novo jogador no meu time, com o
número 29 e de nome Miguel, mas que eu não tive nenhuma interferência no nome
escolhido do neto! Ele aí disse: “Mesmo sabendo disso, vou achar que foi em
minha homenagem!” Última homenagem e última vez que falei com ele!
Dias depois, por coincidência, realizei o torneio de 35 anos do Estrela
Solitária, vinte anos depois do Miguel ter participado do de 15!
No dia de ontem, li uma mensagem no meu e-mail, que torci muito para não ser
verdade, torci para que fosse uma confusão de nomes. Mas, não, era verdade! A
dura realidade da escalada desenfreada da violência em nossas cidades: nosso
amigo Miguel Ângelo Coutinho de Lemos, com 44 anos, foi assassinado no final da
noite de terça-feira (13), em Nova Iguaçu, cidade para onde se mudou para
lecionar história na FAETEC. Segundo algumas testemunhas, teria tentado fugir
de um assalto.
Miguel tinha quatro grandes paixões: o Flamengo, motocicletas, ser professor e
o futebol de mesa. Sua maior virtude sempre foi demonstrar para todos ser uma
pessoa de bom coração. Por isso era querido por todos. E assim vamos nos
lembrar dele para sempre!
Que outros amigos botonistas o recebam de braços abertos!
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