sábado, 9 de setembro de 2023

MEU JOGO INESQUECÍVEL!


Por Antônio Carlos Almeida

Não falarei de um jogo inesquecível mas, sim, de uma passagem inesquecível em nossos Campeonatos Brasileiros Interclubes.
Essa passagem se deu no dia 7 de fevereiro de 1982, durante a realização, na AABB-Brasília, do
II Campeonato Brasileiro Interclubes de Futebol de Mesa, a maior competição realizada em todos os tempos na regra dos três toques, com 24 mesas, 32 clubes de 13 Estados do Brasil e 70 botonistas em ação. Nunca houve uma outra competição de tamanha grandeza.
O campeonato era de duplas e eu formei a minha com meu irmão José Ricardo, defendendo as cores da UDF.

O campeonato foi dividido em seis fases.
Na primeira, os 32 clubes participantes foram divididos em 8 grupos
. Eu tinha acabado de chegar de férias em Salvador e, portanto estava bastante destreinado. Aos trancos e barrancos, conseguimos nos classificar em segundo no nosso grupo, o suficiente para passar para a fase seguinte, a terceira (a segunda foi uma repescagem).
No sábado, pela manhã, foi disputada a terceira fase, envolvendo os 16 clubes classificados na primeira fase e os oito classificados na segunda. Nesta fase, já mais treinado, pude ajudar meu irmão a levar a UDF ao primeiro lugar de seu grupo, passando para uma nova fase.
Os doze clubes classificados iniciaram os jogos da quarta fase divididos em três grupos, ainda compostos de quatro clubes e classificando os dois primeiros.
Novamente fomos os primeiros em nosso grupo, com um gostinho especial: eliminamos a Rio, campeã brasileira de 1981.
Chegamos à quinta fase, onde ocorreu a passagem  a que me referi: os seis melhores clubes do campeonato, divididos em dois grupos.
O
grupo era composto por nossa UDF, o FAN, de São José dos Campos, e a Associação, de Brasília.
Na primeira rodada, Associação e FAN empataram em 1 x 1. Fomos jogar com o FAN e com as parciais José Ricardo 3 x 1 Ronald e Antônio Carlos 1 x 1 Florival, vencemos por 1 x 0, passando a liderar nosso grupo.
Fomos para o jogo com a Associação, que poderia nos levar para a final do Campeonato Brasileiro. Os confrontos eram bem “familiares” (desculpem o trocadilho!): os irmãos Antônio Carlos e José Ricardo contra pai e filho da família Morgado, respectivamente Walter e Antônio, dois dos maiores jogadores da regra dos três toques. Que pedreira!
Meu jogo contra o saudoso Walter foi um sufoco. Por mais que eu caprichasse, Walter demonstrava que estava um pouco melhor do que eu. Ele sai na frente. Consigo empatar e, quase no final do jogo, sofri o segundo gol, o da derrota e que poderia atrapalhar o nosso sonho de chegar a final do campeonato.
Bastante triste com o resultado e como não sabia o resultado do jogo do José Ricardo, pois este aconteceu ao lado da mesa central e não ouvi nenhuma comunicação de gol (depois fiquei sabendo que o árbitro comunicava os gols aos mesários em voz baixa), achei que o resultado tinha ficado em 0 x 0, o que significava a nossa derrota e conseqüente desclassificação.
Me dirigi a mesa de meu irmão e aconteceu o seguinte diálogo:
José Ricardo: quanto foi seu jogo?
Antônio Carlos: perdi. Estamos fora da final!
José Ricardo: que nada, aqui eu ganhei de 5 x 0 e estamos na final!
Antônio Carlos: e você nem para avisar!
José Ricardo: se eu avisasse você relaxaria e poderia perder a concentração. As vezes que eu olhei para sua mesa você estava bastante concentrado!
Mal sabia ele o sufoco que foi jogar com o Walter Morgado.
Sem saber se sorria de alegria ou espancava meu irmão, tratei de abraçá-lo e parabenizá-lo por estarmos na final.
Final essa que vencemos a Continental, de Florianópolis-SC, por 2 x 0 (Antônio Carlos 1 x 0 Valter Silva e José Ricardo 2 x 1 Paulo Caruso, ele mesmo, jogando emprestado por Santa Catarina; na época, podia!) e nos tornamos, pela primeira vez, campeões brasileiros de futebol de mesa.



 

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