Por José Ricardo Almeida
Não sei precisar mais a data em que ocorreu, pois parei de marcar meus jogos em cadernos no ano de 1986 (comecei em 1979).
Lembro bem que foi no apartamento do Pimentel, no Guará, no Estádio “Pimentão”.
Naquela época muitos botonistas tinham mesas em casa e era comum fazermos torneios de tiro curto, geralmente à noite.
Deste, participavam o dono da casa, esse que vos fala e Roberval de Paula, técnico do Águia Branca.
Resolvemos fazer um triangular. Quis o destino e a tabela que meu jogo com Roberval fosse o terceiro e último da noite, portanto, já passando tranquilamente das 22 horas, momento em que deveríamos estar respeitando a “lei do silêncio”.
Como todo jogo contra Roberval, este também estava travado.
Aproximava-se o final do jogo e eu vencia por 2 x 1.
Eis que, subitamente, já meio que no desespero, Roberval realiza uma bela buscada de bola na linha de fundo, dá o passe para um jogador próximo à meia-lua e a bola vai parar dentro da grande área. No exato momento em que ele avisa que vai chutar a gol, o relógio toca, avisando que o jogo terminara, só permitindo o lance de chute a gol.
Posiciono meu goleiro e aviso ao Roberval que pode chutar! Roberval, então, vai se apoiando na mesa, tentando posicionar da melhor forma possível o seu “corpinho” avantajado! Ajeita mais um pouquinho e ainda assim não consegue chegar com total apoio no jogador melhor colocado para o chute derradeiro.
Sobe mais um pouco e percebendo que ainda não é a posição ideal, estica-se um pouco mais. Finalmente, pelo menos na cabeça dele, chegou no posicionamento perfeito para o chute que não podia errar e lhe daria o empate.
Foi aí que, no melhor estilo “terremoto”, os cavaletes cedem (eram aqueles com corrente!), a mesa foi despencando e o surpreso e apavorado Roberval vindo junto com ela. Imaginem a cena: alguém tentando segurar em alguma coisa que está descendo e vai levar você junto!
Ao bater no chão, até hoje estamos na dúvida quem quicou mais, Roberval ou a mesa? Botões espalhados para todos os lados, um susto enorme, um tremendo barulho no silêncio da noite.
Ficamos imaginando a reação dos vizinhos do Pimentel. Quantos saíram correndo, pensando que o prédio estava caindo! Aqueles que não perguntaram para o Pimentel o que houve naquela noite, jamais vão imaginar que o barulho aconteceu num torneio de futebol de botão!
Depois de verificarmos que estava tudo bem com Roberval, logicamente eu, Pimentel e o próprio causador do terremoto rimos muito daquela situação inusitada!
Depois de refeitos do susto, vira o Roberval para mim e diz:
- Eu nunca consegui nem empatar com você! Essa era a minha primeira chance.
Foi quando eu respondi:
- Coloca na súmula (um caderno que ficava ao lado da mesa) o número do jogador que ia chutar, como se ele tivesse feito o gol! Faz de conta que o resultado foi 2 x 2 e vamos tomar cerveja!
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