Era um garoto de dez anos e morava em Copacabana, no Rio de Janeiro, quando um
amigo seu o encaminhou para a prática desse esporte que muito representou em
sua adolescência: o futebol de botões.
O nome de seu amigo era Oscar Acselrad e logo seu irmão, Henry, aderiu também.
Jogavam no assoalho da casa de jantar da família Acselrad. A regra era o
“leva-leva”, mas mesmo assim todos achavam emocionante. Seu amigo Oscar era
criativo e o influenciou a dar nomes aos botões e registrar os jogos e os
artilheiros. E ainda criou regras de basquete, vôlei e atletismo com botões!
O mérito de Hélio foi difundir a prática do botonismo na rua onde morava. Logo surgiram
vários praticantes na rua Domingos Ferreira. O prédio onde morava, chamado
Aracacy, deu nome à Liga de Esportes Aracacy, que desafiava os demais edifícios
da rua.
Um dos primeiros a seguir sua liderança foi Frederico Mendes (um dos melhores
fotógrafos do País), que se animou depois do resultado do primeiro jogo entre
eles: 13 x 2 a favor de Hélio, na casa de Frederico. Daí juntaram-se a eles
vários amigos e, inclusive, a irmã caçula de Hélio.
O nome do time de Hélio era Atlântico. Os botões eram de vários tipos e
tamanhos. Os zagueiros eram colocados ao lado do goleiro nos momentos dos
chutes e estes geralmente eram de tampa de remédio ou de enlatados. Os médios
eram, geralmente, aqueles que se vendiam nas lojas. Os atacantes eram menores e
mais “habilidosos”, de osso, de casca de coco envernizado, tampas de relógio,
que se caracterizavam por serem ótimos encobridores, e os botões encavalados,
formados por botões raspados, que se colavam até com chicletes.
A bola era redonda, feita de algodão e costurada com linha. Atrás de uma bola
esférica corriam os botões cujos nomes homenageavam amigos ou pessoas que Hélio
admirava.
Chegou num ponto que, praticamente, Hélio não tinha adversários, até que ele
conheceu o mineiro Murilo Assunção. Seu time era o Atlético Mineiro. No início,
Hélio o vencia, até que, com o tempo, Murilo passou a ganhar a maioria das
partidas.
Por volta dos 16 anos, Hélio mudou-se para o bairro de Botafogo e praticamente
terminaram todas as amizades. Mas voltou a jogar com novos amigos, tais como
Sílvio Moses e Ruben Nathan. Realizaram muitos eventos, principalmente nos dias
de chuva e na mesa da sala de jantar da casa de Sílvio.
Com o decorrer do tempo o gosto passou para o pôquer, o futebol no Maracanã, as
“peladas” no clube e as namoradas e, pouco a pouco, Hélio e seus amigos foram
deixando de praticar o futebol de mesa, isto por volta de 1965.
Certa vez, em 1968, Hélio leu no Jornal dos Sports o anúncio de um torneio de
futebol de mesa na federação carioca, no bairro do Grajaú. Resolveu ir até lá
assistir aos jogos. Ao chegar, ficou surpreso com as pessoas, todas adultas. A
organização era perfeita: uniformes, bandeiras, árbitros, mesas. Mas
desapontou-se com as regras: cada um jogava uma vez apenas, a bola era um disco
achatado e usavam um pente como palheta.
Brasília, 1981. Hélio é funcionário do Ministério da Fazenda. Trava
conhecimento com Sérgio Netto, desenhista da Secretaria da Receita Federal, que
fala para ele do seu principal hobby: o futebol de mesa. Conversam sobre as
novas regras e Hélio, apesar de ficar bastante curioso, pensava que não havia
mais lugar para o botonismo em sua vida...
Logo depois, conhece Gaspar Vianna, advogado da Telebrás. Ele conta,
pacientemente, como era adepto do “leva-leva” e como passou a ser entusiasta
das novas regras do futebol de mesa que conheceu. Convida Hélio para assistir a
um jogo no clube Telestar. Ele vai e ao chegar lembra-se daquela noite no
Grajaú: a mesma organização e seriedade. Mas percebeu a diferença: um conjunto
de regras bem-feitas para tornar o jogo atraente e gostoso de ser praticado. A
noite na Telestar foi decisivo: a higiene mental proporcionada pelo jogo
lembrou-lhe a sinuca.
Conseguiu algumas boas vitórias, como a de 1 x 0 sobre Álvaro Sampaio, e
empates de 3 x 3 com Sérgio Netto e 0 x 0 com Orly.
Animou-se e inscreveu-se no 3º Torneio Aberto de Futebol de Mesa de Brasília,
promovida pela FBFM no período de 22 de agosto a 3 de outubro de 1981. Fez uma
boa campanha na primeira fase e foi eliminado nas semifinais por Orly Urach, da
UDF. Conheceu José Ricardo e Walter Morgado. Mas seu grande incentivador foi
mesmo o Sérgio Netto, que lhe vendeu um time e transmitiu alguma experiência. Convidou-o
a participar da Copa Ceub, disputada logo depois do torneio aberto. Essas foram
as únicas competições que disputou no ano de 1981. Também em 1981 Hélio fez
parte do Conselho Fiscal da Federação Brasiliense de Futebol de Mesa.
No ano seguinte, além da Copa Ceub, também disputou o campeonato interno da UDF
e participou pela primeira vez de um Campeonato Brasiliense Interclubes
Voltaria a disputar as mesmas competições em 1983. No ano seguinte, disputou
apenas uma competição, o campeonato interno da UDF (o Clube de Botões do Ceub
havia sido extinto). Depois disso, passou um longo tempo afastado das mesas, só
retornando, em 1990, para disputar uma Copa do Mundo, realizada no período de
31 de março a 7 de abril de 1990. Foi sua última participação em uma competição
oficial de futebol de mesa.
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