quinta-feira, 6 de abril de 2023

NOSSOS BOTÕES


“E como são importantes os botões nas nossas vidas. Abotoar-se corretamente é o primeiro ato de independência da criança, só comparável em poder e glória a ir à privada sozinho.
O botão é a medida mínima da integração numa sociedade produtiva: de uma pessoa completamente inútil diz-se que não sabe pregar um botão.
E que brasileiro de uma certa idade não teve um caso de amor com seu time de futebol de botão? O meu era o Botafogo de 48. Ainda lembro a vez em que dedos profanadores invadiram a concentração do time e no dia seguinte vi, horrorizado, pregados numa blusa, o Paraguaio, o Geninho e o Nilton Santos. Mudam a moda, os materiais e as gerações, mas o botão sempre permanece”.

Trecho da crônica “Nossos Botões”, que Luiz Fernando Veríssimo escreveu para a revista Veja nº 887, de 26 de junho de 1985.




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