Por uma questão de privacidade e para não correr o risco de colocar a “fonte”
em situação constrangedora, não citarei nomes. A partir de agora, a “fonte”
passa a ser conhecido como Vinte e Três (23 x 17), pois essa era, segundo seu
relato, a pressão que ele estava durante os jogos da primeira fase de um
torneio realizado no dia 3 de abril de 2012.
Após o sorteio, Vinte e Três caiu num grupo dificílimo, com dois técnicos de
primeira grandeza, que, doravante, passam a ser chamados de Doze (12 x 8)
e Onze (11 x 7), ou seja, estavam com suas pressões normais.
Na primeira rodada, Doze venceu Onze por 1 x 0.
Na segunda, a tabela determinava que Vinte e Três enfrentasse Doze. Foi aí que
Vinte e Três chegou perto de Doze e falou: “Estou passando muito mal, não estou
conseguindo enxergar direito, vendo tudo nublado, estou sentindo uma pequena
paralisia e um formigamento no braço esquerdo e está parecendo que minha boca
está meio torta”. Doze, bastante preocupado com o estado de saúde de Vinte e
Três, tentou acalmá-lo, dizendo: “Quer ir ao banheiro, jogar uma água no rosto,
dar uma respirada, beber alguma coisa e depois voltar para nosso jogo?”. Vinte
e Três disse que não e, achando que perderia o jogo, falou que dava para
continuar devagar no jogo, levando na “maciota”, esperando pelo final do
primeiro tempo. Neste período, Doze, muito preocupado com o estado de seu
adversário, mas precisando pelo menos empatar, pois estava num grupo com três
técnicos e se classificavam os dois primeiros colocados para a próxima fase, maneirou,
pegou leve e fez dois gols.
No intervalo, Vinte Três disse que ia até o banheiro, mas que não estava se
aguentando em pé. Doze até se dispôs a chamar um médico para atendê-lo. Vinte e
Três insistiu dizendo que não precisava!
Ainda passando muito mal, segundo sua “avaliação médica”, retornou para o
segundo tempo. Doze achou que não haveria reação por parte de Vinte e Três e
tentou passar o tempo com o placar de 2 x 0 a seu favor. Foi aí que baixou o
espírito de Chaves em Vinte e Três: “não contavas com a minha astúcia”. Em
pouco mais da metade do segundo tempo, Vinte e Três fez o primeiro gol e, o
golpe fatal, próximo do fim, conseguiu a proeza de empatar o jogo: 2 x 2, para
a surpresa do incrédulo Doze e para a indisfarçada alegria de Vinte e Três, que
assim viu funcionar toda a sua “tática de se fingir de morto”!
No segundo jogo, mal Onze chegou próximo à mesa, Vinte e Três começou com a
mesma ladainha: que estava passando muito mal, sem enxergar direito, mal
conseguia pegar na palheta, que estava precisando se escorar na pilastra para
ficar de pé...
Com a mesma compaixão de Doze, Onze logo fez 1 x 0, também pensando na
classificação para a outra fase. Cometeu o mesmo erro, pensando da mesma forma
que Doze: vou controlando o resto do jogo e fica nesse 1 x 0 mesmo. Afinal de
contas, o adversário não tem a menor condição física de reagir no jogo!
Termina o 1º tempo 1 x 0 a favor de Onze. Novamente, Vinte e Três vai ao
banheiro (o que será que tem de milagroso nesse banheiro?) e, ao retornar,
diante de mais um Onze estupefato, vira o jogo para 2 x 1. Quando deu por si,
Onze se viu na seguinte situação: o quase moribundo Vinte e Três já estava
classificado e ele de fora da segunda fase do torneio. Além disso, a
“estratégia” de Vinte e Três foi tão bem utilizada que ainda lhe garantiu o
primeiro lugar no grupo.
Depois desse relato, permaneceu uma dúvida entre aqueles que conheceram essa
passagem: qual seria o prêmio por tamanha representação teatral? O troféu “Óleo
de Peroba”, ou um “Globo de Ouro” ou até mesmo um “Oscar”!
Fiquem sabendo que isso foi contado de uma maneira tal que Vinte e Três ainda
teve a cara de pau de dizer que não fez aquilo de propósito!
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