A ideia de se criar uma regra que fosse a simbiose de todas as existentes no
Brasil, começou a se concretizar na noite de 21 de julho de 1978, no Rio de
Janeiro, durante as finais de um torneio realizado na sede da Rio Futebol de
Mesa. Estavam presentes alguns dirigentes da Rio, entre eles Jayme Leal Cruz e
João Paulo Mury, e Jorge Sadyl Savaget, dirigente da Associação Carioca de
Futebol de Botão-ACFB. Os três conversavam sobre o futuro do futebol de mesa e
como seria interessante criar meios de organizar todos os praticantes do Rio de
Janeiro numa só entidade.
Partiram de imediato ao trabalho, entrando em contato com todas as associações
conhecidas. A ideia foi muito bem recebida por João Ignácio Müller, presidente
da Associação Ipanemense que, por sua vez, apresentou ao grupo Geraldo
Oliveira, grande entusiasta e presidente da Júlio de Castilhos. Odoswaldo Dias,
diretor da Rio, apresentou Avelino Farias, dirigente do G. E. XIV de Dezembro,
e partiram para o Vasco da Gama, onde foram assistir a um torneio
infanto-juvenil.
No contato com seus dirigentes, foi proposta a criação de um departamento de
futebol de mesa em São Januário. Mury, Jayme Leal e Odoswaldo tomaram as
devidas providências e levaram uma mesa de tamanho oficial para o clube
cruzmaltino. José Ricardo Lage se propôs a dirigir o departamento.
A ideia da criação da Federação era cada vez mais forte e em 17 de outubro de
1978 era fundada a Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro -
FEFUMERJ.
Como não poderia deixar de ser, com a fundação da Federação, surgiu o primeiro
e grande problema a resolver: qual seria a regra oficial adotada pelas
entidades, se todos os presentes jogavam com regras diferentes? Resolveu-se
formar uma comissão composta de um representante de cada clube fundador, que
trabalharia com o propósito de elaborar uma regra que atendesse a todas as
tendências ali reunidas. Fizeram parte desta comissão: João Ignácio Müller,
Tued Malta, Roberto Neves da Rocha, Jorge Sadyl Savaget, José Ricardo Lage,
Avelino Farias e João Paulo Mury. Foi feito um acordo para desarmar os
espíritos e para que cada um dos membros procurasse entender os princípios dos
outros, pois era evidente, todos achavam que jogavam na melhor regra. A
diversificação era grande: o Vasco da Gama e a XIV de Dezembro jogavam no
chamado "leva-leva"; a Júlio de Castilhos nos "três toques por
botão"; a Ipanemense, na regra do bloqueio; a Rio e a ACFB, na de um só
toque por técnico, sendo permitido mais um toque, se o técnico conseguisse o
passe.
O trabalho começou e aconteceram vários torneios nas diferentes regras,
patrocinados pela Federação, para uma adaptação de todos. No início de 1979, a
comissão passou a ter a valiosa colaboração de Hélio Nogueira, vencedor de
diversos torneios na regra de um toque, com disco.
No intuito de chegar ao equilíbrio, reuniões se sucederam, torneios interclubes
foram efetuados e, finalmente, após dez meses, chegou-se ao esboço da regra e
foi marcado o primeiro Campeonato Estadual.
Logo depois, em Brasília, Márcio Da Rós levou para o Clube de Botões do CEUB e
entregou a Sérgio Netto uma reportagem do Jornal dos Sports, com João Paulo
Mury, presidente da FEFUMERJ.
Novos horizontes começavam a surgir. As correspondências e os telefonemas foram
aparecendo pouco a pouco. Receberam bolas, botões e as regras que estavam sendo
jogadas no Rio de Janeiro.
Ao pessoal do CEUB se juntaram João Resende e José Ricardo Almeida, botonistas
do clube de futebol de mesa da UDF.
Não demorou para ser marcado o Torneio Rio-Brasília, nos dias 1, 2 e 3 de
novembro de 1979, em Brasília, período em que também aconteceu a fundação da
Federação Brasiliense de Futebol de Mesa. Com a criação da Federação,
conseguiu-se acabar com um antigo problema: a regra utilizada. No CEUB
jogava-se uma adaptação da “regra paulista” (hoje, 12 toques) e na UDF na “regra
baiana”, um toque. A Federação uniformizou a regra de tal forma que conseguiu
atender às necessidades de todos os praticantes.
A assistência ao encontro entre cariocas e brasilienses foi muito grande e dela
faziam parte alguns interessados em criarem os seus clubes, já utilizando as
novas regras, tais como Gaspar Vianna (Telestar), Paulo Sérgio Nader (Serrano)
e o renascimento da Associação de Futebol de Mesa de Brasília, de Walter
Morgado.
Os técnicos participantes do Torneio Rio-Brasília verificaram a necessidade de
ser criada uma organização a nível nacional, que padronizasse os diversos tipos
de regras. A ideia de se estabelecer uma Confederação Brasileira foi pela
primeira vez discutida durante a competição na Capital Federal. Naquela
ocasião, ficou decidido que seria redigida uma regra única para ser seguida
pelos representantes das duas Unidades Federadas.
Em 31 de janeiro de 1980, durante o Congresso Técnico do I Campeonato
Brasileiro Individual, realizado no Rio de Janeiro, representantes dos Estados
do Amazonas, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo criaram
a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, primeira entidade desportiva
nacional a tratar dos interesses do futebol de mesa praticado com bola de
feltro. Foi eleito para presidir a entidade, João Paulo Mury, com larga
experiência à frente de uma atuante e organizada federação de futebol de mesa,
a do Rio de Janeiro. Os demais integrantes da primeira diretoria foram:
Vice-Presidentes Regionais: Hélio Nogueira (Rio de Janeiro) e Sérgio Netto
(Brasília); Diretor Técnico e Diretor de Relações Públicas: José Ricardo
Almeida (Brasília); Secretário: Orlando Campos Jr. (Rio de Janeiro); Delegados
Regionais: Josué Gouvêa (Minas Gerais) e José Carlos Mattos de Castro
(Amazonas) e Assessor Jurídico: Gaspar Vianna (Brasília).
Na mesma oportunidade, os representantes trabalharam naquilo que seria o esboço
das regras oficiais e dos estatutos especiais para o futebol de mesa. Era
constituída por 17 capítulos, divididos em 138 artigos.
Retornando ao Amazonas, José Carlos Mattos de Castro e seu amigo João Martins
de Paula fundaram, em 21 de setembro de 1980, a Associação Galaxia Jocamar,
responsável pela padronização das muitas regras do futebol de botões em Manaus.
Era o terceiro Estado a adotar a regra de três toques.
A definitiva padronização das regras aconteceu com a realização, em Brasília,
de 5 a 8 de fevereiro de 1981, do I Campeonato Brasileiro Interclubes de
Futebol de Mesa. No 2º Congresso Técnico, em 5 de fevereiro de 1981, as regras
sofreram as primeiras alterações. Dentre outros, esteve presente ao certame
Galba Novaes, que levou suas expectativas para Belo Horizonte.
A regra de três toques continuava sua expansão, chegando a Minas Gerais, também
alcançando outro grande centro do futebol de mesa brasileiro. Uma delegação
formada por João Paulo Mury e Orlando Campos Junior, do Rio de Janeiro, e
Sérgio Netto, José Ricardo Almeida e Irapuan Padilha, de Brasília, compareceu a
Juiz de Fora, no início do mês de junho de 1981, com a finalidade de demonstrar
a prática do futebol de mesa confederado. Os contatos na Manchester mineira
foram os irmãos Arany e Gilson Nogueira de Almeida.
Ainda na gestão de João Paulo Mury, mais precisamente no mês de junho de 1982,
foram impressos os primeiros exemplares das Regras Oficiais do Futebol de Mesa.
O livro tinha a capa desenhada por Ricardo Rocha, ilustrações de Sérgio Netto e
Jorge Savaget e a redação de Gaspar Vianna. O grupo de pessoas interessadas em
aprimorar a regra passou a contar, a partir desse ano, com a importante
presença de Benjamin Abaliac, de Belo Horizonte.
Por ser uma preocupação constante a busca do aperfeiçoamento das regras
oficiais é que a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa criou, durante o
III Campeonato Brasileiro Interclubes, de 12 a 16 de janeiro de 1983, em Juiz
de Fora, o TRINAR - Tribunal Nacional de Regras, composto por 15 membros, a
saber: João Paulo Mury, Jorge Savaget, José Pires Neto, Roberto Neves da Rocha
e Tued Malta, do Rio de Janeiro, Álvaro Sampaio, Gaspar Vianna, José Ricardo
Almeida e Sérgio Netto, de Brasília, Benjamin Abaliac, de Belo Horizonte,
Gilson Nogueira, de Juiz de Fora, Florival Nucci, de São José dos Campos (SP),
José Carlos Mattos, de Manaus (AM), Valter Silva, de Florianópolis (SC), e
Paulo Freitas, de Santo Antônio da Platina (PR). Decidiu-se que as alterações
somente aconteceriam nos anos pares; nos ímpares, seriam recebidas sugestões
dos clubes e colocadas para apreciação.
As primeiras alterações sob o crivo do TRINAR aconteceram em 10 de abril de
1984, em Brasília.
Em reunião de 24 de maio de 1986, em Juiz de Fora, aconteceu a extinção do
TRINAR e a criação do Conselho Nacional de Regras, composto por três membros:
Benjamin Abaliac (Belo Horizonte-MG), João Paulo Mury (Rio de Janeiro-RJ) e
José Ricardo Almeida (Brasília-DF).
Novas mudanças nas regras foram aprovadas em 16 de abril de 1987, no Rio de
Janeiro.
Uma grande vitória foi conseguida no final de 1988. A Resolução nº 14, de 29 de
dezembro de 1988, do Conselho Nacional de Desportos, reconhecia o futebol de
mesa como modalidade esportiva e a regra de três toques como sendo uma das três
mais praticadas no Brasil, juntamente com a baiana e a paulista.
Em 1989, o Conselho Nacional de Regras sofreu uma alteração: a exclusão de João
Paulo Mury, por motivo de seu afastamento para cuidar de afazeres particulares,
e o aumento de membros titulares de três para cinco. Assim, juntaram-se aos
antigos titulares, Benjamin Abaliac e José Ricardo Almeida, Álvaro Sampaio
(Brasília-DF), José Fontoura Dutra Jr. (Tubarão-SC) e Márcio Henrique Lopes
Reis (Juiz de Fora-MG).
Essa equipe, que sofreu uma pequena alteração, a entrada de Astyages Brasil no
lugar de José Fontoura Dutra Jr., integrou o Conselho por um longo período.
A CBFM - Modalidade Três Toques está sempre estudando maneiras para que o jogo
ganhe dinamismo, facilite a atuação do árbitro e, também, fique mais fácil para
ser aprendido pelos iniciantes.
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