terça-feira, 28 de março de 2023

BOTONISTA EM FOCO: José Ricardo Almeida


José Ricardo Caldas e Almeida nasceu em Nazaré (BA), no dia 28 de março de 1957.
Começou a jogar botão no ano de 1965, na cidade de Cruz das Almas (BA), depois de ganhar de presente de Natal um time do Botafogo. Seus outros dois irmãos (André e Antônio Carlos) também ganharam times, respectivamente Santos e Palmeiras, e passaram a realizar vários campeonatos entre eles depois que seu pai mandou construir uma mesa oficial. Nessa época, jogavam na chamada “regra baiana” ou a de um toque, com disco. Mais tarde se juntaria a eles Eduardo, o irmão mais novo.
Zé Ricardo e seus três irmãos desembarcaram em Brasília no dia 24 de janeiro de 1972: André Fernando (com onze anos), Antônio Carlos (com treze), Eduardo (apenas três) e José Ricardo (quatorze). Junto com eles, além do restante da grande família (mais pai, mãe e três irmãs), veio a mesa oficial.
Aguardando o apartamento na 316 Sul ficar pronto, moraram por um ano e dois meses no Bloco S da 413 Sul, onde três dos irmãos realizaram muitos amistosos, sem a preocupação de anotar resultados ou disputar torneios (Eduardo ainda não jogava). Posteriormente, os quatro irmãos chegaram a promover torneios com quatro times cada um, ou seja, 16 times. Era chegar da escola, engolir a comida e ir jogar botão.

Foram os últimos dias dessa mesa, muito danificada que estava por conta da mudança e das intempéries que enfrentou em Salvador, onde ficava no terraço do prédio onde moravam no bairro do Rio Vermelho.
Depois que mudaram para a 316 Sul (onde residiram por cinco anos e sete meses), adquiriram uma mesa Brianezi na Casa Karajás, no Conjunto Nacional, que passaria a ser o “estádio oficial” da família até 1979, quando adotaria o nome de “Serra Dourada”.
Numa quinta-feira de abril de 1979, Zé Ricardo ia passando por uma banca de jornais e resolveu comprar um exemplar do jornal paulista A Gazeta Esportiva. Para sua agradável surpresa, lá estava uma coluna especializada em futebol de mesa, de nome “Botões na Mesa”, que o jornal publicava às quintas-feiras.
De imediato, Zé Ricardo resolveu escrever para o endereço que constava da seção, para saber se os responsáveis conheciam alguém em Brasília que praticasse essa modalidade esportiva.

A resposta, com o título “Botonista brasiliense quer jogar em São Paulo” (!), foi publicada na edição de 3 de maio de 1979. Nela, está dito: “o Alfa Clube da Lapa poderá trazer a São Paulo o botonista do Distrito Federal para uma série de partidas e torneios com seus melhores jogadores”. Isso não aconteceu. Da mesma forma que a coluna dizia que “quanto à relação de endereços de jogadores e clubes e as regras de jogo solicitadas pelo caro amigo, estarão sendo enviados nos próximos dias, pelo correio”. Também não aconteceu. Mas valeu a pena pois foi o primeiro contato que Zé Ricardo teve fora de Brasília e porque o jornal passaria a publicar, por um bom tempo depois daquele dia, as matérias dos campeonatos realizados em Brasília.
De toda forma, esse foi o passo inicial para a criação de um clube de futebol de mesa na faculdade que Zé Ricardo estudava, a UDF.
Depois que Zé Ricardo resolveu escrever para alguns clubes de futebol de mesa de São Paulo, dizendo da sua vontade de criar um clube em Brasília, recebeu, dias depois, resposta dos clubes Associação Galaxia Petlem, do G. R. Riachuelo e da ASCLUBO, todos incentivando-o para que levasse adiante sua ideia. Na correspondência do G. R. Riachuelo, Paulo Aissum disse saber da existência de um clube de botões em Brasília, na faculdade CEUB.

No sábado, dia 23 de setembro de 1979, Zé Ricardo foi ao CEUB e procurou pelo clube de futebol de mesa. Ninguém soube informar. Quando ia saindo, já sem esperança, por acaso resolveu pegar um exemplar do jornal “Esquina”, jornal-laboratório do Curso de Comunicação do CEUB. Com grande surpresa e satisfação, lá estava uma reportagem, onde Sérgio Netto dizia que estava sendo estudada a possibilidade de ser criada uma liga de futebol de mesa entre o CEUB e a UDF.
Na segunda-feira, dia 25 de setembro, antes de ir para a aula, Zé Ricardo foi ao CEFER-Centro de Educação Física, Esportes e Recreação, na UDF, conversar com o Sr. Enoch, presidente daquele centro. Conversaram sobre a possibilidade de se montar um clube de futebol de mesa. O Sr. Enoch disse que havia um grupo de funcionários da UDF que já havia demonstrado o mesmo interesse. Zé Ricardo deixou seu nome e telefone e, no dia seguinte, 26 de setembro, Ranieri Silvano entrou em contato com ele, marcando uma reunião para aquela noite, da qual também tomou parte João Alvino Resende.

No dia 28 de setembro, quinta-feira, Zé Ricardo e João foram buscar uma mesa (a Serra Dourada) na casa do primeiro e marcaram um novo encontro para o próximo sábado.
No sábado, 30 de setembro, o pessoal da UDF teve as primeiras aulas de organização com o professor Márcio Da Rós, que tiveram a satisfação de conhecer, juntamente com Sérgio Netto, ambos botonistas do CEUB.
Foram realizadas eleições naquele dia, com a presença dos onze sócios fundadores do clube de futebol de mesa da UDF, dentre eles Zé Ricardo e seus três irmãos.
Quando foi escolhida a primeira diretoria da UDF, Zé Ricardo ficou com a Vice-Presidência.
Nesse mesmo dia, na sala 59 da UDF, teve início o primeiro campeonato interno de futebol de mesa da UDF, na “regra brasileira” (um toque), clube que já contava com mais duas mesas confeccionadas por João Resende: a Bola Preta e a Antônio de Farias.

A UDF foi um dos clubes mais importantes no processo de sedimentação do esporte em Brasília e na criação da Federação Brasiliense de Futebol de Mesa. Em sua sede tivemos a realização do Torneio Rio-Brasília, de todos os Torneios Abertos promovidos pela F.B.F.M. e de muitos outros torneios, além de importantes reuniões que serviram para selar o desenvolvimento do futebol de mesa em Brasília.
Depois de José Maria Silvano, o cargo de presidente passou para João Resende e, posteriormente, José Ricardo Almeida.
O primeiro campeonato da UDF foi a primeira vez que Zé Ricardo disputou uma competição de futebol de mesa que tinha troféus em disputa. Justamente por isso, por muitos anos, considerou esse troféu de campeão o mais importante de sua longa carreira no futebol de mesa.

Às 13 horas do dia 1º de novembro de 1979, Zé Ricardo foi um dos botonistas de Brasília a receber, na Rodoviária de Brasília, a delegação carioca que veio à Brasília ensinar como se jogava a regra dos 3 Toques, também chamada de carioca.
No dia seguinte, foi um dos oito técnicos de Brasília a tomar parte do torneio. Ficou com a quinta colocação no torneio, que serviu para que fosse fundada, oficiosamente, a Federação Brasiliense de Futebol de Mesa, e idealizada a futura Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, cuja oficialização só aconteceria em 1º de fevereiro de 1980, no Rio de Janeiro, durante a realização do I Campeonato Brasileiro Individual de Futebol de Mesa.
Alguns técnicos jogaram com times emprestados pelos visitantes. Zé Ricardo jogou com um time do Santos, emprestado pelo técnico carioca Odoswaldo Dias, em retribuição ao fato de tê-lo hospedado em sua casa durante o período de disputa.
No dia 3 de novembro de 1979 foi fundada a Federação Brasiliense de Futebol de Mesa, da qual Zé Ricardo passou a fazer parte exercendo o cargo de Diretor Técnico.

A partir de 24 de novembro e até 16 de dezembro de 1979 foi disputado o primeiro torneio oficial com o aval da recém-criada FBFM, o I Torneio Aberto de Futebol de Mesa de Brasília, do qual tomaram parte 40 técnicos. Zé Ricardo venceu o torneio, após final com seu irmão Antônio Carlos (2 x 2 no tempo regulamentar e 2 x 0 na prorrogação).
No dia 30 de janeiro de 1980, Zé Ricardo, seus dois irmãos André (que não jogou) e Antônio Carlos, além de outros amigos, viajaram, de ônibus, para o Rio de Janeiro, onde seria disputado, no dia seguinte, o I Campeonato Brasileiro Individual da modalidade 3 Toques. Onze técnicos de Brasília estiveram presente ao evento, que ainda contou com 9 técnicos do Rio de Janeiro e 1 de Belo Horizonte, Manaus, Santos e São Paulo.

Uma das maiores emoções vividas por Zé Ricardo foi conhecer a sede da ACFB. Era uma casa com todos os seus cômodos ocupados por alguma coisa relacionada ao futebol de mesa. Logo na entrada, a secretaria, com arquivos contendo documentos do clube. Na sala da antiga casa, quatro mesas posicionadas. Em um dos quartos, a mesa 2. No outro quarto, ficava a mesa nº 1, com ar condicionado, iluminação especial e arquibancada. Aqui foram disputadas as semifinais e final do campeonato brasileiro. Além disso, tinha uma lanchonete explorada pelo caseiro, que também era o responsável pela limpeza das salas e das mesas, nos intervalos. Zé Ricardo saiu dali imaginando que nunca mais teria a oportunidade de estar numa sede tão acolhedora e apropriada quanto aquela da ACFB.

Desse dia em diante, com algumas paralisações, Zé Ricardo não só conheceu outras belas sedes como também foi a cidades antes inimagináveis para jogar botão.
Para Zé Ricardo o futebol de mesa brasiliense se transformou em uma “grande família”. Alguns botonistas brasilienses estão juntos há mais de 40 anos. Não é fácil conseguir isso. Esse bom clima encontrado em Brasília faz com que estejamos sempre buscando uma maior organização. Temos duas excelentes sedes. O nível técnico dos botonistas é muito bom, tornando as disputas sempre muito acirradas. Some-se a tudo isso o companheirismo existente e temos uma ótima receita para continuar crescendo.

Além do incentivo natural e caseiro dos seus irmãos (com Antônio Carlos está jogando até os dias de hoje), o botonista que mais incentivou Zé Ricardo foi o saudoso e polêmico Sérgio Netto. Sua dedicação ao esporte passava como uma corrente para todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver com ele.
Além de participar de diversas competições, Zé Ricardo sempre fez parte de diretorias de clubes, federações e confederações, muitas vezes como Diretor Técnico, mas também já foi presidente da então Associação Nacional de Futebol de Mesa e em muitas oportunidades integrando as comissões de regras.
Apesar de ser um dos mais antigos do futebol de mesa brasiliense, já tendo disputado mais de trezentos torneios na regra dos 3 Toques, Zé Ricardo ficou afastado das mesas nos anos de 1985, 1986, 1998, 2000, 2002, 2003, 2021 e 2022 (estes dois últimos por conta da pandemia). Aos poucos, está voltando às competições em 2023.

O ESTRELA SOLITÁRIA

Como botafoguense que é e em homenagem ao saudoso amigo, também torcedor do Botafogo, Hélio Nogueira, o time de Zé Ricardo se chama Estrela Solitária, símbolo maior do alvinegro carioca. Quando o pessoal de Brasília foi ao primeiro Brasileiro Individual, em 1980, no Rio de Janeiro, Zé Ricardo e seus dois irmãos André e Antônio Carlos ficaram hospedados na casa do Hélio. Foi com o Hélio Nogueira que Zé Ricardo começou a aprender a regra em seus mínimos detalhes. O nome do time é sua singela homenagem ao saudoso amigo.
A escalação original do Estrela Solitária, de Brasília, é: 1. Antares, 4. Castor, 2. Altair, 3. Polaris e 6. Procyon; 5. Aldabaran, 8. Bellatrix e 10. Vega; 7. Rigel, 9. Krüger e 11. Pollux. Hoje, essa escalação foi bastante modificada com a chegada dos sete netos(as), que garantiram um lugar no time e no coração de Zé Ricardo.















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