João Alvino de Paiva Resende foi um dos maiores responsáveis pelo
desenvolvimento do futebol de mesa em Brasília. Nasceu em Jardim América, um
dos bairros do município de Cariacica, na Grande Vitória, distante 6 km da
capital do Espírito Santo, no dia 11 de janeiro de 1951.
Dez anos depois, mais precisamente no mês de fevereiro de 1961, último dia de
carnaval, a família de Márcio Da Rós mudou-se para o bairro. Não demorou para
se conhecerem e viverem bons momentos na disputa de campeonatos de botão. E
passaram a organizar o esporte no bairro. Um dos dois era o Presidente da
“Federação de Jogo de Botão de Jardim América”. Na época, a turma escolhia o
Presidente (e a diretoria só tinha o Presidente) por ser o melhor árbitro e
quem fazia a melhor tabela.
Eram realizados jogos na casa de João, de Márcio ou então na casa de Francisco
e Roberto Perdigão, os únicos que tinham mesas oficiais (mais ou menos do
tamanho do "Estrelão"). Foram disputados diversos torneios, na
maioria vencidos por Márcio.
Jogavam numa regra com dois toques, ou seja, lançava-se a bola da defesa e,
depois da bola ultrapassar a linha de meio-de-campo, poderia haver o chute a
gol. Seu time era formado por vários botões diferentes, comprados para que
constituísse sua equipe. Um time com todos os botões padronizados só conseguiu
depois de comprar um feito por Décio, irmão de Márcio, estudante do SENAI.
Às vezes, o pessoal de Jardim América visitava ou recebia os companheiros da
Rua Canadá (parte oeste) e também da Rua Paraguai e adjacências. De vez em
quando jogava entre eles o famoso goleiro Jorge Reis, do Rio Branco-ES, que
chegou a ser recordista mundial de minutos sem levar gols.
Até 1966, houve muita movimentação no bairro. Neste ano, João Resende
transferiu-se para Brasília, mas não encontrou ninguém na Capital do Brasil
para continuar jogando botão
Isso durou até o ano de 1979, com João Alvino já trabalhando como funcionário
da Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal, popularmente conhecida
por UDF. No dia 14 de junho de 1979 pôde matar a saudade dos clássicos de
Jardim América. O reencontro com Márcio Da Rós (que havia se mudado para
Brasília em abril de 1977) aconteceu na casa de João Resende, na SQN 416, com
um disputado Fla-Flu: João Resende (Flamengo) 2 x 1 Márcio Da Rós (Fluminense),
no Estádio “Capixabinha”, na regra de um toque.
Após esse dia, aos dois capixabas se juntou o gaúcho Sérgio Netto e passaram a
promover vários “Triangular da Amizade”, com a regra de dois toques utilizada
no Clube de Botões do Ceub.
No mesmo mês de junho de 1979, aconteceram os primeiros contatos com os
botonistas do Rio de Janeiro, depois que Márcio Da Rós leu uma reportagem no
Jornal dos Sports, escreveu para João Paulo Mury e dias depois recebeu uma bola
de feltro para experimentar e um livro de regra.
Meses depois, em outubro de 1979, se juntou aos três Zanoni Castro, primo de
Márcio, para comemorar o aniversário deste, disputando um torneio. Foi aí que,
através de uma foto, enviada por João Paulo Mury, na qual jogavam Tued Malta e
Jorge Savaget, João Resende percebeu que a regra praticada no Rio de Janeiro
não era como a praticada por esses quatro amigos, que haviam interpretado os
dizeres da regra de outra forma.
Resolveram escrever para João Paulo Mury e foi combinado um torneio para ser
ensinada a regra aos técnicos brasilienses.
Antes disso, José Ricardo Almeida deixou seu nome e telefone no CEFER-Centro de
Educação Física e Recreação da UDF e, no dia seguinte, 26 de setembro, Ranieri
Silvano entrou em contato com ele, marcando uma reunião para aquela noite, da
qual também tomou parte João Alvino. Daí, para a criação do clube de futebol de
mesa da UDF foi um pulo.
No dia 28 de setembro, quinta-feira, João Resende foi buscar, na casa de José
Ricardo, uma mesa da Brianezi e a levaram para a sala de número 59 da UDF.
No sábado, 30 de setembro, aconteceu a grande reunião para fundação do clube. O
pessoal da UDF teve as primeiras aulas de organização com o professor Márcio Da
Rós, que tiveram a satisfação de conhecer, juntamente com Sérgio Netto, ambos
botonistas do Ceub, e convidados para o evento.
Foram realizadas eleições nesse mesmo dia, com a presença dos onze sócios
fundadores e João Resende ficou com o cargo de Tesoureiro. Também nesse dia,
teve início o primeiro campeonato interno de futebol de mesa da UDF, na “regra
brasileira” (um toque). Flamenguista “roxo” que era, colocou na mesa o
rubro-negro carioca para derrotar, por 2 x 0, o Fluminense, de Márcio Da Rós.
Logo depois do primeiro interno, a UDF sediou, nos dias 1, 2 e 3 de novembro, o
Torneio Rio-Brasília, envolvendo oito técnicos do Rio de Janeiro e 8 de
Brasília, competição promovida com a finalidade de aprendizagem, por parte dos
técnicos brasilienses, da regra dos três toques. Para tanto, foram levadas para
a UDF duas mesas que estavam no Ceub e uma outra que pertencia a João Resende.
Foi um sucesso o torneio na UDF.
Durante o torneio, mais precisamente na noite de 3 de novembro de 1979, foi
fundada a Federação Brasiliense de Futebol de Mesa. João Resende foi escolhido
para ser o Diretor de Patrimônio da entidade.
A UDF também foi sede dos jogos válidos pelo 1º Torneio Aberto de Futebol de
Mesa de Brasília, competição que serviu de vez para a consolidação do esporte
na Capital Federal.
Vendo o crescimento do clube, não demorou muito para João Resende providenciar,
junto à carpintaria da UDF, a confecção de duas mesas oficiais, de nomes
“Antônio de Farias” e “Bola Preta”. Assim, a UDF passou a contar com quatro
mesas para os seus jogos. Por muito tempo a UDF foi sede de diversos torneios,
inclusive interestaduais.
João Resende participou do primeiro Campeonato Brasileiro Individual de Futebol
de Mesa que foi realizado no Rio de Janeiro (RJ), no período de 31 de janeiro a
3 de fevereiro de 1980. Durante essa competição adquiriu o time que o
acompanharia por toda a vida, o Bola Preta, vermelho em cima, preto embaixo,
uma homenagem ao Flamengo.
Em 1981, participou, na ASBAC, em Brasília, do primeiro Campeonato Brasileiro
Interclubes.
A UDF paralisou suas atividades no ano de 1984, logo depois da realização de
seu sexto campeonato interno (encerrado em 15 de julho) quando a direção da
faculdade comunicou que, por conta de um crescimento no número de cursos e de
alunos a sala do futebol de mesa deveria ser desocupada.
Então, João transferiu-se para o Clube da Asa Norte, onde permaneceu até sua última
participação no futebol de mesa de Brasília, a VII Taça Brasília, disputada de
16 de setembro a 2 de dezembro de 1989.
Dentre todos os botonistas que lutaram pela manutenção do futebol de mesa em
Brasília, João Resende foi estrela de primeira grandeza. Nunca mediu esforços
para que o crescimento do futebol de mesa brasiliense acontecesse.
SALA DE TROFÉUS
De 1979 a 1989, João Resende disputou 21 competições oficiais da Federação
Brasiliense de Futebol de Mesa.
Sua melhor colocação foi o primeiro lugar obtido no Campeonato Brasiliense
Interclubes de 1983, defendendo as cores da UDF.
Também foi vice-campeão dessa mesma competição nos anos de 1980 e 1982 e
segundo colocado do Campeonato Interno do Asa Norte, em 1988.
José Ricardo e João Resende
Paulo Caruso, José Ricardo Almeida, Guairacá Nunes e João Resende
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