sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

BOTONISTA EM FOCO: Antônio Carlos Pimentel



Quebrando um pouco a sequência de botonistas que já estão batendo uma bolinha no céu, hoje vamos falar um pouco de um que ainda está entre nós mas que se encontra meio afastado do movimento botonístico em Brasília: Antônio Carlos Pimentel.
Nadar no mar, jogar futebol e jogar botão foram as minhas paixões durante todo tempo que morei no Vidigal, de junho de 1947 quando vim ao mundo naquela madrugada, 13, até o ano de 1967, quando meu pai por problemas sociais e financeiros resolveu mudar-se com toda família para o subúrbio do Engenho da Rainha. Ali se encerrou o meu ciclo no Vidigal e passei a visitá-lo esporadicamente.
Já com dez anos de idade, lembro-me perfeitamente das escalações das equipes que disputavam o campeonato carioca dessa época por causa dos nossos times de botão. O meu time era o Vasco, é claro! O Periquito era Flamengo, o Joilson, América, o Dingo, Fluminense, meu irmão Betinho era Botafogo, o Peu, meu outro irmão, como não podia ser Flamengo, era Bangu e por aí á fora. Jogar botão deixou a gente com estas deliciosas recordações.
Dingo foi o meu maior parceiro no futebol de botão. Jogávamos quase todos os dias, até depois da escola à noite. Éramos dois fominhas e trocávamos e fazíamos muitos botões...
Sempre fui um apaixonado pelo futebol de botão. Cheguei em Brasília em maio de 1975, transferido do Rio de Janeiro pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, para cumprir uma temporada de dois anos, ao fim dos quais poderia retornar ao Rio de Janeiro ou outra cidade de minha escolha. Entretanto minha identificação com a cidade foi tão intensa que resolvemos ficar por aqui. Nas vezes que ia ao Rio de Janeiro, visitava meu irmão mais velho, que havia ficado com meus times de botão. E sempre matávamos saudades jogando umas partidas. 
Aqui em Brasília no corre-corre e as atribuições, meu lazer era jogar futebol aos domingos. Certo dia, no ano de 1982, isto é, quase sete anos depois de chegar à Brasília, abri o jornal e vi o seguinte anúncio: IV Campeonato Aberto de Futebol de Mesa. Mostrei para o meu compadre Gilberto que também gostava, telefonamos para a pessoa cujo nome estava no jornal e combinamos para ir conhecer as regras e forma de jogar. Na minha última viagem ao Rio de Janeiro, havia trazido os meus botões e estava aguardando uma oportunidade e ela havia chegado.
À noite, não me lembro que dia era, fui eu o Cagiba cheio de curiosidades para a Quadra 8 da Área Octogonal nos inteirar das regras e condições para disputarmos o evento em tela. Um rapaz claro, alto, de óculos, muito polido e educado recebeu-nos na porta do seu apartamento, convidou-nos para entrar, apresentou sua jovem esposa. Sentamos, conversamos um pouco e momentos depois ele convidou-nos para irmos para General Severino, estádio do seu Fogão. Ficamos admirados e surpresos com o tamanho da mesa, pois nunca havíamos jogado em uma daquele tamanho. Parecia mesa de ping-pong. Após explicar como funcionava a regra, disse o seguinte: - “Vocês só vão aprender jogando!” Dessa forma colocamos nossos minúsculos botões em campo. E entre uns goles de cerveja que havíamos tomado, começamos a tomar também um “chocolate”: O cara fez mais de dez gols no meu compadre, outros tantos a um em mim. Milagre! Consegui fazer um gol. Ele deixou, é evidente! Depois de saciar sua sede de gols e aplicar-nos outras goleadas, que nem me lembro mais, pois perdi o rumo, ele sentenciou as seguintes palavras: - Não desistam. Vocês levam jeito e conhecem as manhas. A gente só aprende esta regra jogando (e perdendo... Falsinho!).
Ao fim da noite saímos de lá rindo um do outro, mas esperançosos para disputarmos o tal Torneio Aberto de Futebol de Mesa. Lembro-me que ainda comentei dentro do carro na volta para casa com meu compadre: - Agora entendi porque o nome do Torneio é Aberto! A gente abre e ele enfia uma goleada! Este cara é um sacana! Obrigado meu amigo, meu irmão e parceiro José Ricardo Caldas e Almeida! Você foi o meu padrinho e me trouxe para o esporte o qual posso matar as saudades, nem que seja na ficção dos meus eternos amigos de infância do meu pedaço de mundo: Vidigal.
Antes de retornarmos para nossas casas após aquela mistura de bebidas: “cerveja e chocolate”, ainda zonzos e com os dedos doendo de tanto pegar bola na rede, Zé Ricardo explicou-nos como funcionava a formação dos times, isto é, tínhamos que escolher por livre e espontânea vontade. Depois de alguns estudos optei por Vidigal em homenagem ao meu passado. Ainda no Torneio Aberto jogamos com nossos times originais, mas nas primeiras partidas tivemos dificuldades, mas até o fim do Torneio decobrimos, por intermédio do colega Roberval, uma fábrica em Taguatinga, a Stiloplast e mandamos fazer os nossos times. Mantive as cores verde, branca e preta do Vidigal, o símbolo e depois de muito estudo, escolhi o nome dos jogadores pela importância de cada um no meu passado.
Após a disputa do Torneio Aberto no ano de 1982, onde fui derrotado pelo Mauro (Capibaribe), na semifinal por 3 x 2, peguei gosto pela coisa e seguimos em frente. Em tempo: deste aberto, pelo Guará, participaram três botonistas: eu, Carlos Gilberto e Voltaire, já falecido. Nesta época nos unimos a outros três amigos de Taguatinga: Roberval, Milton e Capitão Lobo, também falecido. Temos que nos prevenir, pois o número de adeptos no mundo espiritual é significativo. Que Deus os protejam e nos mantenha mais tempo com a barriga grudada na mesa de botão.
Do pessoal remanescente daquele histórico Torneio Aberto, restaram dois praticantes: eu e Mauro. Roberval aparece de vez em quando para contar as suas histórias e ainda recentemente arriscou umas incursões na mesa, mas não perdeu o estilo de retranqueiro!
Daquele grupo, Guará e Taguatinga, com auxílio e participação do amigo Álvaro Sampaio (All Stars) e com apoio técnico do nosso “carrasco padrinho” José Ricardo, fundamos a Associação Guará de Futebol de Mesa, com sede em uma sala alugada e realizamos em 1982 o I Campeonato de Futebol de Mesa dessa cidade satélite. Evento em que Roberval sagrou-se campeão e dos quais participaram, dentre outros: Antonio Carlos Batista, Álvaro Sampaio, Álvaro Lobo, José de Almeida Porto e seu filho Armando, Cagiba e seu filho Marcelo, Junior, Tata, Milton, Renato, Ermânio Farias, Ivan, Cardosinho e Enedino.
Infelizmente o Guará, com seu saudoso informativo GAROTO DO PLACAR, editado pelos botonistas do Guará, cuja memória foi extinta, ou seja, não possuímos nenhuma cópia, encerrou suas atividades no final do ano de 1988. Entretanto, apenas eu, Ermânio e Roberval continuamos nossa trajetória no futebol de mesa.
Dentre os títulos que possuo, cito o bicampeonato do campeonato interno do Guará em 1983 e 1984 e venci dois torneios Challenger, um em 19.03.2002 e o outro em 07.08.2004. Também destaco a conquista da Taça de Prata no Campeonato Brasileiro Interclubes, em Juiz de Fora, formando na equipe de uma das maiores feras do futebol de mesa de Brasília: Jan Buarque, pessoa da melhor qualidade cujo grande defeito é ser corintiano. E também a 3ª colocação no 3ª Taça “Tued Malta” de Seniors, tirando da disputa ao título um dos favoritos: Márcio, de Juiz de Fora. Este evento foi conquistado pelo meu mestre Sérgio Lagos Motta.



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